CriaWiki
Advertisement

Seguidamente o filósofo da ciência Karl Popper é citado como se opondo à evolução como um fato e à teoria da evolução como um modelo científico confiável (teoria científica) que o trata.

Karl Popper foi um dos poucos filósofos da ciência que tem influenciado os cientistas, predominantemente, ao longo das últimas três décadas, especialmente no campo da biologia sistemática. Avalia-se na literatura de filosofia da ciência a influência de Popper, desde suas primeiras publicações, sobre a compreensão da teoria da evolução, e de forma inequívoca, o trabalho de nenhum outro filósofo tem tido essa influência durante este período na formação da sistemática, na qual o discurso inicial de Popper é tratada em sua base para estabelecer-se como ciência, em relação a suas metodologias específicas, tais como a parcimônia e máxima verossimilhança.

Popper concluiu que três tipos de declarações em biologia evolutiva não seriam verdadeiras leis da natureza. Porém influenciou a recepção segura como científica da análise cladística.

Suas afirmações de que a teoria da evolução seria um programa de investigação metafísica e também como sendo uma teoria científica conduziu diversos cientistas à uma interpretação errônea de sua posição sobre a teoria da evolução como uma teoria científica. Em seu trabalho mais tarde Popper também introduziu o que ele considerava serem melhorias da teoria evolutiva. Até agora, estas "melhorias" têm quase nenhuma influência sobre a biologia evolutiva.

Mas o que Karl Popper realmente afirmava sobre evolução e sua teoria?

Nos textos abaixo, temos um quadro de seu pensamento sobre este campo do conhecimento.

Em 1957[]

Indeed, the recent vogue of historicism might be regarded as merely part of the vogue of evolutionism—a philosophy that owes its influence largely to the somewhat sensational clash between a brilliant scientific hypothesis concerning the history of the various species of animals and plants on earth, and an older metaphysical theory which, incidentally, happened to be part of an established religious belief.

What we call the evolutionary hypothesis is an explanation of a host of biological and paleontological observations—for instance, of certain similarities between various species and genera—by the assumption of common ancestry of related forms.

. . . I see in modern Darwinism the most successful explanation of the relevant facts. [Popper, 1957, p. 106; ênfases adicionadas]

Tradução:

De fato, a recente moda de historicismo pode ser vista como meramente uma parte da moda de evolucionismo — uma filosofia que deve a sua influência em grande parte ao confronto algo sensacional entre uma hipótese científica brilhante sobre a história das várias espécies de animais e plantas na terra, e uma teoria metafísica mais antiga que, incidentalmente, calhou de ser parte de uma crença religiosa estabelecida.

O que chamamos de hipótese evolutiva é uma explicação para uma série de observações biológicas e paleontológicas — por exemplo, para certas semelhanças entre diversas espécies e gêneros — pela suposição de ancestralidade comum de formas aparentadas.

. . . Eu vejo no darwinismo moderno a explicação mais bem sucedida dos fatos relevantes.

Em 1963[]

There exists no law of evolution, only the historical fact that plants and animals change, or more precisely, that they have changed. [Popper, 1963b, p. 340; ênfases adicionadas]

Não existe uma lei de evolução, somente o fato histórico de que plantas e animais se modificam, ou mais precisamente, de que eles se modificaram.

Em 1976[]

I have always been extremely interested in the theory of evolution and very ready to accept evolution as a fact. [Popper, 1976, p. 167; ênfases adicionadas]

Eu sempre estive extremamente interessado na teoria da evolução e muito disposto a aceitar a evolução como um fato.

Em 1978[]

The Mendelian underpinning of modern Darwinism has been well tested and so has the theory of evolution which says that all terrestrial life has evolved from a few primitive unicellular organisms, possibly even from one single organism. [Popper, 1978, p. 344; ênfases adicionadas]

O fundamento mendeliano do darwinismo moderno foi bem testado e também o foi a teoria da evolução que diz que toda a vida terrestre evoluiu de uns poucos organismos unicelulares primitivos, talvez até mesmo de um único organismo.

O "programa de pesquisa metafísica"[]

Afirmação seguidamente utilizada por criacionistas.

I have come to the conclusion that Darwinism is not a testable scientific theory, but a metaphysical research programme—a possible framework for testable scientific theories. [Popper, 1976, p. 168]

Eu cheguei à conclusão de que o darwinismo não é uma teoria científica testável, mas um programa de pesquisa metafísica — um possível arcabouço para teorias científicas testáveis. [Popper, 1976, p. 168]

É claro que aqui o termo darwinismo significa "seleção natural", não "evolução". Popper estabelece isto explicitamente anteriormente no mesmo trabalho:

. . . because I intend to argue that the theory of natural selection is not a testable scientific theory, but a metaphysical research programme; . . . [Popper, 1976, p. 151]

. . . porque eu pretendo argumentar que a teoria da seleção natural não é uma teoria científica testável, mas um programa metafísico de pesquisa;. . .

Há dois pontos a serem tratados aqui:

Primeiramente, a seleção natural se não testável não é o mesmo que evolução como sendo não testável. Evolução, para os criacionistas, é qualquer hipótese sobre as origens. Teorias astrofísicas sobre evolução estelar ou o "Big Bang" da cosmologia, ou teorias da geologia, ou muitas facetas da evolução dos seres vivos (evolução biológica) não são baseados em seleção natural darwiniana.

Por outro lado, Popper admitiu mais tarde que estava errado:

The fact that the theory of natural selection is difficult to test has led some people, anti-Darwinists and even some great Darwinists, to claim that it is a tautology. . . . I mention this problem because I too belong among the culprits. Influenced by what these authorities say, I have in the past described the theory as "almost tautological," and I have tried to explain how the theory of natural selection could be untestable (as is a tautology) and yet of great scientific interest. My solution was that the doctrine of natural selection is a most successful metaphysical research programme. . . . [Popper, 1978, p. 344]

O fato de que a teoria da seleção natural é difícil de testar levou algumas pessoas, antidarwinistas e até mesmo alguns grandes darwinistas, a alegar que ela é uma tautologia. . . Menciono este problema porque também eu incluo-me entre os culpados. Influenciado pelo que essas autoridades disseram, eu, no passado, descrevi a teoria como "quase tautológica", e tentei explicar como a teoria da seleção natural poderia ser não testável (como é uma tautologia) e ainda ser de grande interesse científico. Minha solução foi que a doutrina da seleção natural é um programa metafísico de pesquisa muito eficaz. . .

I have changed my mind about the testability and logical status of the theory of natural selection; and I am glad to have an opportunity to make a recantation. . . [p. 345]

Eu mudei de ideia sobre a testabilidade e o status lógico da teoria da seleção natural; e estou contente de ter uma oportunidade de fazer uma retratação. . .

The theory of natural selection may be so formulated that it is far from tautological. In this case it is not only testable, but it turns out to be not strictly universally true. There seem to be exceptions, as with so many biological theories; and considering the random character of the variations on which natural selection operates, the occurrence of exceptions is not surprising. [p. 346]

A teoria da seleção natural pode ser formulada de tal forma que fica longe de ser tautológica. Neste caso, ela não é apenas testável, mas acaba por não ser verdadeira de modo estritamente universal. Parece haver exceções, como acontece com tantas teorias biológicas; e considerando o caráter aleatório das variações sobre as quais a seleção natural opera, a ocorrência de exceções não é surpreendente.

I blush when I have to make this confession; for when I was younger, I used to say very contemptuous things about evolutionary philosophies. When twenty-two years ago Canon Charles E. Raven, in his Science, Religion, and the Future, described the Darwinian controversy as "a storm in a Victorian teacup," I agreed, but criticized him for paying too much attention "to the vapors still emerging from the cup," by which I meant the hot air of the evolutionary philosophies (especially those which told us that there were inexorable laws of evolution). But now I have to confess that this cup of tea has become, after all, my cup of tea; and with it I have to eat humble pie. [Popper, 1972, p. 241]

Eu coro ao ter que fazer esta confissão; pois quando eu era mais jovem, eu costumava dizer coisas muito desdenhosas sobre filosofias evolucionárias. Quando, vinte e dois anos atrás, Canon Charles E. Raven, em seu Ciência, Religião, e o Futuro, descreveu a controvérsia darwinista como "uma tempestade numa xícara de chá vitoriana", eu concordei, mas critiquei-o por prestar atenção demais "aos vapores ainda emergentes da xícara", pelo que eu me referia ao ar quente das filosofias evolutivas (especialmente aquelas que nos diziam que haviam leis inexoráveis de evolução). Mas agora eu tenho que confessar que essa xícara de chá tornou-se, afinal, minha xícara de chá; e com ela devo engolir meu vexame.

Por uma natureza natulalista dos fenômenos naturais[]

What Darwin showed us was that the mechanism of natural selection can, in principle, simulate the actions of the Creator and His purpose and design, and that it can also simulate rational human action directed towards a purpose or aim. [Popper, 1972, p. 267; see also Popper, 1978, pp. 342-343]

O que Darwin nos mostrou foi que o mecanismo da seleção natural pode, em princípio, simular as ações do Criador e seu propósito e design, e que também pode simular a ação humana racional orientada para uma finalidade ou objetivo.

Aqui, recomendamos ver as críticas de David Hume contra os argumentos teleológicos.

His theory of adaptation was the first nontheistic one that was convincing; and theism was worse than an open admission of failure, for it created the impression that an ultimate explanation had been reached. [Popper 1976, p. 172]

Sua teoria da adaptação foi a primeira teoria não teísta que era convincente; e o teísmo era pior do que uma franca admissão de fracasso, pois ele criava a impressão de que uma explicação definitiva tinha sido atingida.

O caráter científico da teoria da evolução[]

It does appear that some people think that I denied scientific character to the historical sciences, such as palaeontology, or the history of the evolution of life on Earth. This is a mistake, and I here wish to affirm that these and other historical sciences have in my opinion scientific character; their hypotheses can in many cases be tested. [Popper, 1981, p. 611]

Parece que algumas pessoas pensam que eu neguei o caráter científico das ciências históricas, tais como a paleontologia, ou a história da evolução da vida na Terra. Isso é um erro, e aqui eu desejo afirmar que estas e outras ciências históricas têm, na minha opinião, caráter científico; suas hipóteses podem, em muitos casos, ser testadas.

Ver o artigo principal A carta de Karl Popper

This view is perfectly compatible with the analysis of scientific method, and especially of causal explanation given in the preceding section. The situation is simply this: while the theoretical sciences are mainly interested in finding and testing universal laws, the historical sciences take all kinds of universal laws for granted and are mainly interested in finding and testing singular statements. [Popper, 1957, p. 143ff]

Esta visão é perfeitamente compatível com a análise do método científico, e especialmente da explicação causal dada na seção anterior. A situação é simplesmente esta: enquanto as ciências teóricas estão interessadas principalmente em descobrir e testar leis universais, as ciências históricas assumem como certo todo tipo de leis universais e estão interessadas principalmente em encontrar e testar afirmações singulares.

Ver também[]

Referências[]

  • Frank J. Sonleitner; What Did Karl Popper Really Say About Evolution? [1]; 1986 - ncse.com
  • David L. Hull; The Use and Abuse of Sir Karl Popper ; Biology and Philosophy; Volume 14, Number 4 / October, 1999 [2] - www.springerlink.com
  • Kevin G. Helfenbein, Rob DeSalle; Falsifications and corroborations: Karl Popper’s influence on systematics [3]; Molecular Phylogenetics and Evolution, Volume 36, Issue 1, July 2005, Page 200 - www.sciencedirect.com
  • Popper, K. R. 1957. The Poverty of Historicism. Boston: The Beacon Press.
  • Popper, K. R. 1963a. "Science: Problems, Aims, Responsibilities." Federation Proceedings, 22:961-972.
  • Popper, K. R. 1963b. Conjectures and Refutations. London: Routledge and Kegan Paul.
  • Popper, K. R. 1972. Objective Knowledge: An Evolutionary Approach. Oxford: Clarendon Press.
  • Popper, K. R. 1976. Unended Quest. An Intellectual Autobiography. LaSalle, IL: Open Court.
  • Popper, K. R. 1978. "Natural Selection and the Emergence of Mind." Dialectica, 32:339-355.
  • Popper, K. R. 1981. Letter. New Scientist, 87:611.
Advertisement